top of page

Fazenda Santa Isabel

VOCÊ SABIA?...
Que a Fazenda Paredão (ainda existente, hoje de propriedade do Sr. José Eduardo Meirelles Filho), foi uma das mais ricas propriedades cafeeiras da Noroeste, abrigando a segunda estação ferroviária, “PAREDÃO”, dentro do nosso município, distando apenas 13 quilômetros da primeira, inicialmente, “MONJOLO” (1906), e em 1908, “PRESIDENTE AFONSO PENNA”, ainda dentro da Fazenda Santa Izabel, também pródiga na produção de café, (igualmente ainda existente, pertencendo atualmente, ao Prof. Edson Parra Nanni)? Estação, que tendo pegado fogo (era de madeira), mudou-se em 1916, para uma nova, construída de alvenaria, um pouco mais à frente, já na cidade (Penna), situada quase em frente ao Hotel Mascaro? E que ambas inicialmente, eram utilizadas, quase que exclusivamente para o embarque dos milhares de sacas de café que as fazendas produziam e despachavam través da ferrovia, até o Porto de Santos, para a exportação, tanto para o Brasil, como para o mundo? 
Não havia por toda a região Noroeste quem não conhecesse e não admirasse um dos seus maiores obreiros, o Sr. José Zucchi. A majestosa cidade de Cafelândia, na sua parte alta (Penna), ornada pelos formosos Bangalôs (construídos pelo exímio construtor Ângelo Cecci), já em franco desenvolvimento (início da década de 1930), foi obra idealizada por esse grande espírito empreendedor, quando gerenciava pessoalmente as grandes fazendas dos irmãos Zucchi, Giuseppe (José – Paredão) e Giacomo (Jacob − Santa Isabel), que juntas formavam uma das maiores, influentes e mais bem organizada empresa agrícola de toda a região, J. Zucchi & Irmãos, com 3.200 alqueires de terra, onde já estavam plantados cerca de 1.000.000 de cafeeiros, com uma produção anual que chegava a 100.000 sacas de café, e que era beneficiado em máquinas próprias. Também possuíam máquinas para o benefício de suas grandes produções de arroz. Para tanto, empregavam mais de mil famílias de colonos, que eram abrigadas em centenas de casas, todas de alvenaria, contendo inclusive água encanada para o uso e a higiene dos trabalhadores.
Nesse tempo a “cidade relâmpago”, como se dizia, não saia dos cartazes. O Sr. José Zucchi, era um dos maiores fregueses da via férrea, cortando o rincão noroestino de um lado para o outro, cercado sempre dum punhado de admiradores de sua hercúlea obra. Todos se referiam com muito entusiasmo ao espírito empreendedor dos irmãos Zucchi, empolgando-se superiormente na alma construtiva do principal sócio da firma, Sr. José Zucchi, o mais velho. Não havia quem não conhecesse o seu dinamismo, quem não louvasse a sua confiança no promissor futuro da vasta região Noroeste, que disparava em desenvolvimento e progresso.
Derrubar matas e plantar café era coisa que todo mundo fazia, calculando antecipadamente, os resultados a serem obtidos. Levantar, de um momento para outro, uma cidade tão bonita como “Presente Penna”, arrostando a campanha contrária de inumeráveis incompreendidos e incrédulos, era trabalho que só homens dotados da coragem e da energia dos Senhores José e Jacob Zucchi poderiam levar a bom termo.
É impressionante uma passagem, das muitas que eram frequentes na ocasião, motivadas pelas iniciativas pioneiras e arrojadas dos irmãos Zucchi: num vagão de 1.ª classe da ferrovia viajava o Sr. José Zucchi e, ao seu lado ia um italiano gordo, um certo Sr. Caputti, e em frente, dois viajantes palradores que, discutiam sobre a necessidade de ter sido criado o Bispado em Cafelândia, e o consequente desperdício do dinheirão que os empreendedores irmãos gastaram na construção da Catedral Diocesana e no Colégio religioso “Sagrado Coração de Jesus”. O Sr. Caputti, louvou a ideia, enquanto os viajantes, a combateram, insinuando ao Sr. José Zucchi, que antes de igrejas, padres e freiras, sua firma deveria ter investido esse imenso capital em indústrias, atraindo maior população operária, que diziam dar um resultado maior, mais imediato e muito mais lucrativo. O Sr. José Zucchi, com sua costumeira delicadeza, solícito contrapôs o argumento de seus “amigos”, com a magnitude da elevação moral do seu pensamento, alegando que seu objetivo precípuo, fora fomentar e firmar em Cafelândia, o espírito educacional do cristianismo. “Uma zona nova como a Noroeste, que vinha sendo formada por elementos de todas as procedências e classes sociais, as mais diversificadas, carecia de um doutrinamento fundamentado no Evangelho de Cristo, para que tudo progredisse, para que se formasse nesse rústico ambiente, um povo forte física, e moralmente adequado ao trabalho pesado que a terra, ainda bruta e selvagem, estava a exigir”.
Durante as controvérsias, o Sr. José Zucchi citou vários casos sobre a inconveniência do ateísmo. Mostrou o mal que advinha da formação de grandes aglomerações operárias destituídas de sentimento religioso. E com uma filosofia própria, e retórica irrefutável, ultimou por demover os contendores a aceitar como elevada as suas estupendas iniciativas, concluindo com uma singular frase: − “Sinto uma inexplicável emoção, cada vez que ouço badalar os sinos da nossa Catedral, parece que habitam no interior daquela torre, os ecos da minha grande saudade”.
A Fazenda Paredão já abrigava na época, em franca produção, cerca de 500.000 pés de café (colhendo aproximadamente 50.000 sacas) e outro tanto, havia na fazenda Santa Izabel, em igualdade de condições. Havia também nas propriedades enormes pomares, e grandes criações de aves: pombos, galinhas, patos e perus, e consequentemente, uma farta produção de ovos. A rede de hotéis da família Zucchi, em São Paulo era abastecida com as frutas, aves e ovos provindos de suas grandes fazendas, do interior.
Belíssima e muito confortável era a casa da nova sede da Fazenda Paredão, que estava sendo construída em lugar elevado, muitíssimo salubre, dotada de todos os requisitos das modelares construções rurais americanas. A casa do administrador, que na época, estava sendo ocupada pelos proprietários, também era muito confortável, toda de alvenaria, assoalhada e forrada. 
José Zucchi, mudando-se para São Paulo, deixou à frente dos negócios da firma, seu sócio e irmão Jacob, que desde o início o acompanhara. De lá, manifestou-se dizendo: − “não pode o homem, jamais esquecer a porção de terra onde viveu uma boa parte de sua vida, e onde sofreu a guerra das incompreensões e das injustiças humanas, mas mesmo assim, Cafelândia não me sai do coração! Felizmente, tenho ainda naquela querida cidade, muitos amigos devotadíssimos”!
Num espaço exíguo como este, não se pode dar uma ideia perfeita do grande valor que tiveram as Fazendas Paredão e Santa Isabel, capitaneadas por seus proprietários, para o desenvolvimento da nossa cidade e também da região.
Podemos, no entanto, adiantar que foram frutos de agricultores inteligentes e muito afeiçoados a nossa terra, homens que sabiam produzir, economizar, enriquecer e compartilhar! Cidadãos que refletiam nas suas atitudes e iniciativas, o espírito empreendedor dos nobres filhos da amorável terra de Mussoline e também do Vaticano, capital da religião católica, tão professada e defendida pelos nossos homenageados.

 

Prof. Paulo Odenio Pacheco
E-mail: podenio@yahoo.com.br 
Facebook: Paulo Odenio Pacheco

FONTE: Revista OURO VERDE (Junho/Julho/1935) Livro: CAFELÂNDIA − HISTÓRIA E ESTÓRIAS e também, conhecimentos próprios. As fotos apresentadas no final do texto foram extraídas do livro "Gli italiani nel Brasile" (Os italianos no Brasil), publicado em 1924),contendo um precioso documentário sobre a grande Fazenda Santa Isabel, dos irmãos José e Jacob Zucchi.

bottom of page